A Consolação na Bíblia

Quais são as palavras na Bíblia diante de quem sofre?

Na Bíblia, o consolo vem justamente em tempos de dificuldade. A Bíblia apresenta, tanto no Antigo como no Novo Testamento, a consolação como experiência de ser humano em relação com Deus. Em particular, é o profeta Isaías que anuncia a consolação de Deus a Israel: num momento difícil para a história do povo, o convite é clamar, gritar em uma alta montanha:

“Consolai, consolai o meu povo!” (Is 40,1), porque o Senhor vem, acabou a escravidão, a distância de Deus, Deus conforta o “seu” povo: sinal de pertença que é fonte de consolação. Por sua vez, o povo pode desfrutar da presença de Adonai, que é consolação. Não é uma experiência íntima, mas uma presença que se torna missão e anúncio: “Console!”. O profeta anuncia e convida a anunciar para consolar.
O Salmo 119, uma oração maravilhosa sobre a Palavra de Deus, diz: “Isto me conforta na miséria: a tua palavra me dá vida” (Salmo 119, 50): a Palavra de Deus é luz, lâmpada para os passos do crente, e também consolação, porque nela descobrimos a doce verdade, a profunda revelação: Deus me ama e está sempre comigo, e como diz um conhecido versículo do Salmo 22: “Se eu andasse por um vale escuro, não temeria mal algum, porque tu estás comigo”.

O Novo Testamento reconhece em Jesus a Consolação feita carne: Lucas conta que Simeão, um homem justo, esperava a consolação de Israel, e a reconheceu em uma criança nos braços de sua mãe. O Espírito Santo o moveu e o iluminou:
“Em Jerusalém havia um homem chamado Simeão, homem justo e piedoso, que esperava a consolação de Israel, e o Espírito Santo estava sobre ele. O Espírito Santo lhe disse que não veria a morte sem antes ver o Cristo do Senhor. Movido pelo Espírito, ele foi ao templo e, enquanto seus pais levavam o menino Jesus para fazer o que a lei lhe prescrevia, 28 ele também o acolheu em seus braços e abençoou a Deus, dizendo: «Agora podes deixar, ó Senhor, que o teu servo vá em paz, segundo a tua palavra, pois os meus olhos viram a tua salvação, preparado por você diante de todos os povos: luz para te revelar às nações e glória do teu povo, Israel”. (Lc 2,25-32)

Jesus é salvação, Jesus é luz, e por isso é a verdadeira consolação. Mas a Encarnação torna as coisas decididamente muito concretas: a consolação tem um nome, um rosto; é uma presença, um “você” com quem pode entrar em relacionamento. O Antigo Testamento o afirmava, e o Novo Testamento o reafirma: a consolação nasce do encontro com Deus, da sua Palavra que é luz (até Jesus é reconhecido como luz por Simeão!). Mas o Verbo se fez carne, portanto a consolação nasce e cresce no encontro e na relação com Jesus.